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A Processadora de Cal de Quebec

Os processadores de cal, conhecidos como fornos de cal ou caldeiras de cal, foram estruturas muito comuns no Nordeste brasileiro, especialmente entre os séculos XIX e XX. Esses fornos eram usados para produzir cal virgem (óxido de cálcio – CaO) a partir da queima de calcário, um material amplamente encontrado na região.

Os fornos eram geralmente construídos de pedra ou tijolo e possuíam um formato cilíndrico ou cônico. O processo de fabricação da cal envolvia três etapas principais:
Extração e preparação do calcário: O calcário era retirado de jazidas naturais, quebrado em pedaços menores e levado até o forno.
Queima do calcário: O calcário era submetido a temperaturas de 900°C a 1.000°C, utilizando lenha ou carvão vegetal como combustível. Durante a queima, ocorria a liberação de dióxido de carbono (CO₂), restando apenas o óxido de cálcio, conhecido como cal virgem.
Apagamento da cal: Após a queima, a cal virgem podia ser hidratada com água, tornando-se cal apagada (hidróxido de cálcio – Ca(OH)₂), utilizada em argamassas, pintura de casas e correção de solos agrícolas.

Importância dos fornos de cal no Nordeste
Construção civil: A cal era um dos principais insumos para argamassa, reboco e pintura de casas, igrejas e prédios históricos.
Agricultura: A cal era usada para corrigir a acidez do solo, tornando-o mais fértil.
Higienização e saúde pública: O uso da cal na pintura das casas ajudava a combater pragas e doenças, pois possuía propriedades antissépticas.

Declínio dos fornos de cal
A produção artesanal de cal começou a diminuir com o avanço da industrialização e a chegada do cimento Portland, que substituiu a cal em muitas aplicações. Além disso, preocupações ambientais e restrições ao desmatamento reduziram o uso da lenha como combustível, tornando os fornos tradicionais menos viáveis.
Ainda hoje, em algumas regiões do Nordeste, especialmente em áreas rurais, é possível encontrar vestígios desses antigos fornos, que fazem parte do patrimônio histórico e cultural da região.

Texto: @netodantaspe com contribuição de @jorge.trindade.908
Foto: @gliciolee

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