A fonte d’água da Praça Monsenhor Júlio Maria
Antigamente, era comum encontrar em muitas cidades, especialmente em praças públicas e parques, grandes tanques e fontes d’água que funcionavam como verdadeiros aquários a céu aberto. Esses espaços, muitas vezes construídos como parte da decoração urbana e para o lazer da população, abrigavam uma variedade de animais aquáticos e semiaquáticos, sendo os crocodilos e jacarés os maiores destaques. A presença desses animais despertava a curiosidade e encantava visitantes, adultos e crianças, que se reuniam para observar de perto espécies que, para muitos, só existiam em livros ou histórias.
Esses tanques e fontes d’água eram considerados atrações locais e, em muitos casos, símbolos da própria cidade. Era comum que eles fossem instalados em áreas centrais, recebendo cuidados básicos, mas sem a infraestrutura adequada que hoje sabemos ser necessária para a manutenção do bem-estar animal. Naquela época, a percepção ambiental era bastante diferente, e a ideia de manter animais silvestres em espaços públicos era vista como algo natural, parte do entretenimento e da educação informal.
Com o passar dos anos, no entanto, a consciência ambiental começou a mudar. O avanço das legislações de proteção à fauna, o fortalecimento de políticas públicas de conservação ambiental e uma nova visão sobre os direitos dos animais trouxeram profundas transformações. Leis como a Política Nacional de Meio Ambiente e normas específicas para a proteção da fauna silvestre determinaram que manter animais em cativeiro, fora de suas condições ideais de habitat e sem a devida autorização, constituía infração ambiental.
Diante dessas mudanças, as prefeituras e administradores locais, pressionados por órgãos ambientais e pela própria sociedade civil, iniciaram processos de remoção dos animais. Muitos crocodilos, jacarés e outros exemplares foram encaminhados para reservas ambientais, zoológicos autorizados e projetos de reabilitação, onde passaram a receber cuidados adequados, dentro de ambientes que respeitavam suas necessidades biológicas.
Com a retirada dos animais, os tanques e fontes d’água permaneceram nas praças, parques e jardins públicos, como testemunhos silenciosos de uma época passada. Alguns foram adaptados para funções paisagísticas, recebendo peixes ornamentais ou sendo transformados em espelhos d’água decorativos. Outros, porém, mantêm até hoje suas estruturas originais, despertando a curiosidade dos mais jovens e a memória nostálgica dos mais velhos, que ainda se lembram de quando aqueles espaços eram habitados por seres impressionantes e majestosos.
Essa transformação reflete não apenas uma mudança na paisagem urbana, mas, sobretudo, uma evolução na forma como a sociedade entende e respeita o meio ambiente e a vida animal.
Neto Dantas
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